terça-feira, 20 de outubro de 2009

Amarelou?

Amarelou, gelou, tremeu, embranqueceu, nem pode respirar, cagou no maiô, simplesmente o medo tomou conta!

Em quantas situações cotidianas amarelamos?

Foi o caso deste jovem rapaz, diga-se de passagem, um rapaz "vistoso", muito bem privilegiado de sua beleza fisica e até interior, pena não saber manipulá-la.

Certo dia, agitadíssimo, deu por si: há muitos dias vinha sentindo um imenso desconforto, um estranhamento consigo: não conseguia manter uma comunicação com os amigos, na faculdade mal conseguia se concentrar nas aulas, com a família já não suportava qualquer conversa.

Resolveu, então, procurar ajuda, foi ao médico: clínico geral.

Durante a consulta, mal se expressava, seus olhos denotavam apavoro, sua boca tremia, seca, fugiam-lhe as palavras, seu olhos corriam lágrimas, era um ser triste, frustrado, e nem ele mesmo sabia o porque.

"Amarelei com minha vida"
Foi o que conseguiu grunhir.

"Crise Existencial"
Disse o médico.
"Te encaminharei a um Psiquiatra, você vai lá, conversa, ele pode te ajudar."

De susto, o jovem rapaz arregalou os olhos, tomou a receita e o encaminhamento médico em suas mãos e confusamente saiu do consultório, esbarrando na porta, tropeçando em vão. Estava átono. Sem palavras. Sem ação. Sem idéias, sempre que lembrava das palavras do médico, a vontade que sentia era de rir, rir, rir muito de si mesmo, rir muito e freneticamente de sua própria covardia, de suas crises, de sua falta de vontade.

Decidiu que não iria ao psiquiatra, mais um vez teve medo, ir até um psiquiatra significava estar aceitando o seu próprio fracasso, a sua derrota. Pedir ajuda, ao seu ver, era mais uma vez amarelar, e isso ele não admitiria jamais, e agora ele estaria amarelando com um diagnóstico médico, oras!

"Vou levando..."

Depois deste episódio, após muitas risadas sem sentido, junto de seus "amigos", continuou em sua mediocre vida, procastinando tarefas, adiando compromissos, deixando de lado desafios, até que um dia, ao perceber, havia gastado tempo e desperdiçado muito das coisas que já havia conquistado.

Terminou um namoro sem motivo aparente, desistiu de seu curso na faculdade, passou a trabalhar em um emprego onde poderia se sentir superior por ter companheiros com um nivel escolar mais baixo, mas sem nenhum ganho com isso.

Agora, este jovem, de tanto "amarelar" na vida, busca recuperar o tempo perdido, decide por fim procurar o que realmente lhe interessa, procura seus velhos sonhos, espera que não eja tarde demais, teme ainda, mas acredita que seu processo de amadurecimento foi o que fez com que fizesse tanta cagada, durante esses seus anos de vida.


Ao querido, com carinho.
Tudo tende à Merda!