sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Quantas vezes você no seu quarto
percebeu as mesmas fotos nas paredes de algum tempo passado
você não é mais o mesmo
mas tem quase os mesmos desejos
e a televisão ali naquele canto
você nunca perde seu tempo com ela
Da rua, vem o barulho das pessoas que passam
e quem passa
e a vida lá fora parece ser mais feliz que aqui dentro, deste quarto.
E quando você está entre os que estão lá fora, você gostaria de estar lá dentro.
Quantas vezes você já sentiu falta
em alguma hora da noite, em alguma hora de um dia qualquer
de ter aquele alguém sem face.
Em seus pensamentos o alguém perfeito nunca lhe mostra a face, e é incrível.
Você não sabe quem é, mas sabe que poderia existir, e o quanto iria te fazer bem.
E então aí seria perfeito.
Pois, aquele alguém sem face, seria simples e seria seu, e seria sua companhia, seria lar, seria alma, seria amor, seria amado.
Quantas vezes você tentou colocar alguém no lugar deste alguém sem face e não conseguiu, ou se conseguiu, foram poucos momentos de deleite.
Eu já tentei.
Talvez somente o platônico seja perfeito.
Talvez mais valha que você nunca saiba se seria bom ou ruim os momentos que você gostaria que fossem reais.
Nunca saberei seu cheiro.
Nunca verei seus erros, o alguém sem face não me irrita, não incomoda, não existe, por isso é perfeito, é perfeito, é platônico.
É platônico, não existe.
A inexistencia perfeita.

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